quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Propaganda de camisinha que causou polêmica no Facebook foi retirada do ar, informa UOL


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31/07/2012 - 14h10

Uma propaganda de camisinha da marca 
Prudence causou polêmica no Facebook
 por incentivar a violência contra a mulher.
 Após protesto de usuários e de diversos
 grupos feministas, a marca retirou a 
propaganda do ar, como informa o site de 
notícias UOL. A propaganda pode ser
 conferida. 

Confira a matéria na íntegra:


Uma peça publicitária da marca de preservativos Prudence causou enorme polêmica no 
Facebook e foi excluída após permanecer cerca de três semanas no ar. Em formato de
 tabela calórica, o viral intitulado "Dieta do Sexo" dizia que tirar a roupa de uma mulher
 queima 10 calorias, enquanto fazer o mesmo sem o consentimento da parceira consome
 190 calorias.
A maior parte dos mais de 1.000 internautas que postaram comentários na página da 
Prudence do Facebook interpretaram o viral como um incentivo à violência sexual contra
 a mulher. Até a manhã da segunda-feira (30), a peça publicitária já havia sido 
compartilhada por mais de 2.500 pessoas. 

Após toda a polêmica, a DKT Internacional, detentora da marca Prudence, retirou a
 peça publicitária da página no Facebook e pediu desculpas aos consumidores.
 Apesar disso, o Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária (Conar) informou ao 
UOL que já abriu um processo ético contra propaganda.

“Nunca mais compro, nunca mais uso”, comentava uma das internautas enquanto a 
peça estava no ar. “Me sinto enojado, mais que isso, enquanto homem que tem mãe,
 irmã e queridas amigas e que sonha com uma sociedade mais igualitária”, dizia outra
 pessoa. “Propaganda ridícula. Boicote a marca já. Sexo sem consentimento é estupro”
 era outro comentário encontrado na página.
Para a minoria das pessoas que postaram opiniões, tudo não passava de “brincadeira”.
 “Estuprador não usa camisinha”, afirmava um internauta. Para outro, não se tratava de 
apologia, nem de brincadeira; apenas publicidade: "Técnica manjada de criar polêmica
 para vender mais. E pior que dá certo".
"Retrocesso"
Para a superintendente de Direitos das Mulheres da Secretaria de Estado de Assistência
 Social e Direitos Humanos (RJ), Ângela Fontes, a peça publicitária incentiva a violência 
sexual contra a mulher. Para Fontes, a peça publicitária da Prudence é um “retrocesso’.
"Certamente há um incentivo explícito para o uso da violência contra a mulher no 
momento da relação sexual. A peça publicitária é um retrocesso no que diz 
respeito ao comportamento dos homens em suas relações afetivas. Relação 
sexual sem o 
consentimento da mulher é estupro. A associação de atos violentos ao suposto 
"benefício para a saúde masculina" nos causa indignação. Desta forma, a
 Superintendência dos Direitos das Mulheres se manifesta veementemente contra a 
indução de todas as formas de violência, e neste caso, em especial, a violência sexual 
contra as mulheres", disse Ângel a Fontes, também presidenta do Conselho Estadual de 
Direitos da Mulher (CEDIM).
Coordenadora da ONG Cepia, que atua em defesa dos direitos humanos da mulher, a
 advogada Leila Linhares achou a peça “lamentável”.  “Isso [a propaganda] é uma
 indução para que haja uma violência sexual. É a mulher perdendo a autonomia se quer 
decidir sobre o ato sexual e o incentivo à pratica de violência sexual. Uma fábrica de
 preservativos deveria fazer propaganda mais instrutiva”, declarou.
A advogada declarou ainda que espera atitude contra a peça publicitária. “É lamentável 
que no momento em que as mulheres estão galgando sua cidadania, sendo reconhecidas
 pela capacidade profissional, seja veiculada uma propaganda como essa”, concluiu.
“Mau gosto”
Com atuação em casos de violência contra a mulher, o promotor de Justiça Sauvei Lai 
acredita que os criadores da campanha da Prudence não agiram com a intenção de fazer
 apologia ao estupro, mas acabaram criando uma peça publicitária de mau gosto. 
 “Esses publicitários menosprezaram um fato gravíssimo na sociedade brasileira 
que é a violência
 sexual contra a mulher, que muitas vezes acontece dentro da própria casa
 cometido por
 maridos, tios, padrastos. Não dá para dizer que é um crime de apologia 
porque não foi
 essa a intenção
 dos criadores da propaganda, mas foi sem dúvida uma brincadeira de
 muito mau gosto”,
 declarou.
Outro lado
Procurada pela reportagem do UOL, a DKT Internacional, detentora da marca Prudence,
 informou que o conteúdo da peça divulgada não é de autoria da empresa e vem sendo 
publicado de forma viral desde 2007. Segundo a nota, a companhia apenas utilizou o
 material propagado e desenvolveu a arte, veiculando-a no Facebook.
"Apesar de não ser a criadora do texto, a DKT afirma não se isentar da responsabilidade
 de avaliar os conteúdos publicados em sua página na rede social, e por isso lamenta a 
não percepção de possíveis ofensas originadas pelo material", diz a empresa.
Ainda de acordo com a nota, a intenção da peça era remeter a uma “brincadeira entre 
casais”, retratando uma “insistência inofensiva do parceiro” sem qualquer alusão a 
qualquer forma de violência. A DKT disse não ter percebido, “lamentavelmente”, a 
dupla interpretação que o anúncio poderia conter.

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