Para a minoria das pessoas que postaram opiniões, tudo não passava de
“brincadeira”.
“Estuprador não usa camisinha”, afirmava um internauta.
Para outro, não se tratava de
apologia, nem de brincadeira; apenas
publicidade: "Técnica manjada de criar polêmica
para vender mais. E pior
que dá certo".
"Retrocesso"
Para a superintendente de Direitos das Mulheres da Secretaria de
Estado de Assistência
Social e Direitos Humanos (RJ), Ângela Fontes, a
peça publicitária incentiva a violência
sexual contra a mulher. Para
Fontes, a peça publicitária da Prudence é um “retrocesso’.
"Certamente há um incentivo explícito para o uso da violência contra a
mulher no
momento da relação sexual. A peça publicitária é um
retrocesso no que diz
respeito ao comportamento dos homens em suas
relações afetivas. Relação
sexual sem o
consentimento da mulher é
estupro. A associação de atos violentos ao suposto
"benefício para a
saúde masculina" nos causa indignação. Desta forma, a
Superintendência
dos Direitos das Mulheres se manifesta veementemente contra a
indução
de todas as formas de violência, e neste caso, em especial, a violência
sexual
contra as mulheres", disse Ângel a Fontes, também presidenta do
Conselho Estadual de
Direitos da Mulher (CEDIM).
Coordenadora da ONG Cepia, que atua em defesa dos direitos humanos da
mulher, a
advogada Leila Linhares achou a peça “lamentável”. “Isso [a
propaganda] é uma
indução para que haja uma violência sexual. É a
mulher perdendo a autonomia se quer
decidir sobre o ato sexual e o
incentivo à pratica de violência sexual. Uma fábrica de
preservativos
deveria fazer propaganda mais instrutiva”, declarou.
A advogada declarou ainda que espera atitude contra a peça
publicitária. “É lamentável
que no momento em que as mulheres estão
galgando sua cidadania, sendo reconhecidas
pela capacidade profissional,
seja veiculada uma propaganda como essa”, concluiu.
“Mau gosto”
Com atuação em casos de violência contra a mulher, o promotor de
Justiça Sauvei Lai
acredita que os criadores da campanha da Prudence não
agiram com a intenção de fazer
apologia ao estupro, mas acabaram
criando uma peça publicitária de mau gosto.
“Esses publicitários
menosprezaram um fato gravíssimo na sociedade brasileira
que é a
violência
sexual contra a mulher, que muitas vezes acontece dentro da
própria casa
cometido por
maridos, tios, padrastos. Não dá para dizer
que é um crime de apologia
porque não foi
essa a intenção
dos criadores
da propaganda, mas foi sem dúvida uma brincadeira de
muito mau gosto”,
declarou.
Outro lado
Procurada pela reportagem do UOL, a DKT
Internacional, detentora da marca Prudence,
informou que o conteúdo da
peça divulgada não é de autoria da empresa e vem sendo
publicado de
forma viral desde 2007. Segundo a nota, a companhia apenas utilizou o
material propagado e desenvolveu a arte, veiculando-a no Facebook.
"Apesar de não ser a criadora do texto, a DKT afirma não se isentar
da responsabilidade
de avaliar os conteúdos publicados em sua página na
rede social, e por isso lamenta a
não percepção de possíveis ofensas
originadas pelo material", diz a empresa.
Ainda de acordo com a nota, a intenção da peça era remeter a uma
“brincadeira entre
casais”, retratando uma “insistência inofensiva do
parceiro” sem qualquer alusão a
qualquer forma de violência. A DKT disse
não ter percebido, “lamentavelmente”, a
dupla interpretação que o
anúncio poderia conter.
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