terça-feira, 20 de março de 2012

DESAFIOS PARA A INCLUSÃO SOCIAL DE JOVENS VIVENDO COM HIV/AIDS

E então as cri­an­ças cresceram…
Nós não pode­mos mais mantê-las sob uma redoma ou debaixo de nos­sas asas. Eis o desa­fio que ora se nos apresenta.
Tendo em vista toda a sorte de difi­cul­da­des de uma infân­cia sem pers­pec­ti­vas, com his­tó­rico de ado­e­ci­men­tos recor­ren­tes e suces­si­vas per­das, como rom­per com o prog­nós­tico da ausên­cia de pro­jeto de vida?
Há toda uma gera­ção à mar­gem da soci­e­dade, não menos do que qual­quer classe menos favo­re­cida, porém com seus agra­vos poten­ci­a­li­za­dos pela pre­sença do HIV.
É pre­ciso rom­per com mui­tos estigmas.
Na medida em que a epi­de­mia de AIDS sai do foco e atinge um público menos infor­mado e menos exi­gente em seu exer­cí­cio de cida­da­nia, as solu­ções para uma polí­tica pública que dimi­nua tan­tas desi­gual­da­des, não tem mais a urgên­cia que tinha anos atrás, quando artis­tas e ati­vis­tas inte­lec­tu­ais se mobi­li­za­vam e davam maior visi­bi­li­dade a todas essas questões.
Penso que mesmo nós do Movi­mento Social não nos pre­pa­ra­mos para esta demanda.
Quando os aco­lhe­mos às casas de apoio, não ima­gi­ná­va­mos como seria devolvê-los ao mundo. Pre­o­cu­pá­va­mos em resol­ver aquela emer­gên­cia, pres­tar socorro aquela cri­ança sobre­vi­vente de uma tra­gé­dia fami­liar. Ten­tá­va­mos com­pen­sar a ausên­cia da famí­lia ori­gi­nal sem pen­sar que aos dezoito anos, mais uma vez essa famí­lia se rom­pe­ria. Certa vez ouvi a Mica­ela Cirino (lide­rança jovem da Rede Naci­o­nal de Jovens Vivendo com HIV) referir-se a este momento: “quando seu filho faz dezoito anos, você o manda embora de casa?” Este ques­ti­o­na­mento, com cer­teza, deter­mi­nou a revi­são de alguns con­cei­tos rela­ci­o­na­dos ao modelo de casa de apoio, como era até então o ideal.
Na mai­o­ria dos abri­gos, estimulou-se a inclu­são dos ado­les­cen­tes em cur­sos téc­ni­cos e à for­ma­ção aca­dê­mica, de modo a prepará-los para a vida adulta. Muito se avan­çou neste sen­tido. Mas ainda assim, o cho­que de rea­li­da­des, tanto no reen­con­tro com a famí­lia rema­nes­cente, quanto com o mundo, foi inevitável.
A nossa opção, no Grupo Pela Vidda Nite­rói, foi por ten­tar dar suporte à famí­lia, para que a cri­ança pudesse man­ter seus vín­cu­los afe­ti­vos. Com o Pro­jeto “Criança=Vidda”, coor­de­nado pela Assis­tente Social Vir­gí­nia Soa­res a pela Psi­có­loga Leila Cha­gas, pude­mos acom­pa­nhar bem de perto este processo.
Mesmo desta maneira, não esca­pa­mos da difi­cul­dade em incluí-las socialmente.
Mesmo com o amparo da famí­lia, com a escola, com a infân­cia em comu­ni­dade, com o acom­pa­nha­mento médico e todos os cui­da­dos com­ple­men­ta­res a elas dis­pen­sa­dos, ainda assim não pode­ria dizer que esta é uma ini­ci­a­tiva 100% exitosa.
Obvi­a­mente que a pas­sa­gem para a vida adulta, é menos trau­má­tica, já que é a con­seqüên­cia natu­ral do cres­ci­mento bio­ló­gico. Sabe­mos que a ado­les­cên­cia é por si só, a fase da vida em que tudo é posto à prova – tendo ou não HIV.
É pre­ciso que as pró­prias famí­lias enca­rem isto com natu­ra­li­dade e não per­ma­ne­çam no cui­dado exces­sivo pro­lon­gando esta infân­cia, tolhendo sua auto­no­mia, não per­mi­tindo que assu­mam suas res­pon­sa­bi­li­da­des e suas esco­lhas. Mui­tas vezes, na ten­ta­tiva de com­pen­sar sua con­di­ção de “doen­tes de aids”, furtam-se do dever de lhes impor limi­tes que são neces­sá­rios para per­ce­ber as regras gerais de com­por­ta­mento, con­vi­vên­cia, hie­rar­quias,  res­peito mútuo e às diferenças.
Alguns dos jovens são leva­dos a acre­di­tar que o mundo inteiro lhes deve esta com­pen­sa­ção e não se livram do rótulo de “coitadinhos”.
Há aque­les que, mesmo inte­li­gen­tes e talen­to­sos, não se reco­nhe­cem como tal, por medo, tal­vez de pre­ci­sa­rem ado­tar outra pos­tura e por sua bai­xís­sima auto-estima.
Vive­mos atu­al­mente este dilema: introduzi-los e con­ter nossa pró­pria expectativa.
Às vezes sentimo-nos como que “malhando ferro frio”. Afi­nal, tan­tos luta­ram para que che­gas­sem até aqui… Como fazer com que per­ce­bam o valor de suas vidas para eles mesmos?
Ten­ta­mos agora aproximá-los de outros jovens de diver­sos outros movi­men­tos, para come­ça­rem a per­ce­ber as afi­ni­da­des natu­rais da idade. Atra­vés de ati­vi­da­des para todos (soro dis­cor­dan­tes), expe­ri­men­ta­mos uma inclu­são de mão dupla. Trabalhando
com música e arte, além de intro­du­zir alter­na­ti­vas cul­tu­rais, saí­mos do dis­curso da doença e fala­mos de saúde e vida.
Apre­sen­ta­mos outros espa­ços de atu­a­ção e con­vi­da­mos a comu­ni­dade para den­tro da ins­ti­tui­ção. Espe­ra­mos, deste modo, que­brar esta cadeia de pre­con­ceito e auto-preconceito.
Mas o tema que mais nos aflige é a Ade­são ao Tra­ta­mento. Não pode­mos fin­gir que está tudo bem. Pre­ci­sa­mos admi­tir a difi­cul­dade que têm em tomar seus medi­ca­men­tos para que pos­sa­mos aju­dar com alguma nova estratégia.
- Afi­nal, tomam remé­dios desde que nasceram!
Mas se não pro­pi­ci­ar­mos espaço para que pos­sam se expor ver­da­dei­ra­mente, sem medo de repri­men­das, não encon­tra­re­mos esta resposta.
Pode ser que seja neces­sá­ria uma nova apre­sen­ta­ção, uma nova for­mu­la­ção, menos agres­siva, com­pa­tí­vel com todas estas mudan­ças hormonais.
O fato é que aque­les que con­se­guem dri­blar todos os obs­tá­cu­los vão para o mer­cado de tra­ba­lho, para a escola e para a vida sem neces­si­dade de tutela.
O desa­fio é fazer com que isto se trans­forme em regra e não exceção!

Um comentário:

  1. Meu nome é samuel, estou aqui para dar meu testemunho sobre um médico (drfamousgrant@gmail.com)
    Que me ajudou na minha vida. Eu estava infectado com VIRUS HIV em
    2009, eu fui a muitos hospitais para a cura mas não havia nenhuma solução, assim que eu
    Estava pensando em como posso obter uma solução para que meu corpo pode ficar bem.
    Um dia eu estava no lado do rio pensando onde eu posso ir para obter solução.
    Então uma senhora andou até mim me dizendo por que estou tão triste e eu abrir tudo para
    Ela contando a ela o meu problema, ela me disse que ela pode me ajudar, ela
    Me apresentar a um médico que usa medicamentos à base de plantas para curar o VIRUS DO HIV
    E me deu seu e-mail, então eu e-mail dele. Ele me disse todas as
    Coisas que eu preciso fazer e também me dar instruções para tomar, o que eu
    Corretamente. Antes que eu soubesse o que está acontecendo depois de quatro
    O VIRUS DO HIV que estava no meu corpo foi curado, então se você também
    Coração quebrado e também precisa de uma ajuda, você também pode enviar e-mail para ele.
    Drfamousgrant@gmail.com

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