quarta-feira, 7 de março de 2012

HIV positivos superam os desafios

Com os avanços da medicina e o tratamento universalizado em Campinas, soropositivos convivem há décadas com o vírus 

 Com 100% de cobertura no tratamento de soropositivos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), Campinas tem hoje pessoas que vivem bem há mais de duas décadas portando o vírus da aids. Os dados do Programa de Municipal de DST/Aids apontam que a epidemia da doença está estabilizada desde 2006 e a cidade tem hoje o menor índice de mortalidade dos últimos 20 anos. Para especialistas, isso quer dizer que cada vez mais as pessoas estão se conscientizando da importância do diagnóstico e tratamento, o que aumenta a expectativa e a qualidade de vida dos soropositivos campineiros.


“No ano 2000, a cidade teve um pico grande de casos, mas isso porque o diagnóstico também estava aumentando. Com mais diagnósticos, as pessoas passaram também a se tratar mais cedo e de forma mais adequada”, explicou a coordenadora do Centro de Referência do Programa Municipal de DST/Aids, a médica infectologista Cláudia Barros Bernardi. Em 1995, o número de pessoas que morriam em decorrência da aids era de 22,04 por 100 mil habitantes. Esse índice teve uma queda vertiginosa nos últimos 15 anos e foi de 5,34 em 2009.
Já os números de novos casos é considerado estável há quatro anos. Foram 262 em 2006 e 212 em 2010. A coordenadora destaca que os números do ano passado são preliminares e estão sujeitos a alteração, mas os dados dos últimos anos mostram que o município está com a epidemia de HIV estabilizada. “No gráfico, desde meados dos anos 2000 temos uma linha reta de novos casos. Isso quer dizer que não tivemos aumento significativo nem uma diminuição da incidência relevante”, disse.

Quando o assunto é a incidência entre jovens e adolescentes, Campinas vai na contramão da tendência no País: o número hoje na cidade é menor do que há dez anos. No total, Campinas tem atualmente 25,4 jovens infectados por grupo de 100 mil habitantes. Em 2000, eram 51. “Não só em Campinas, como em todo o Estado de São Paulo, os números são diferentes do que na média geral brasileira. Isso porque o Norte e, principalmente, o Nordeste, onde tivemos o maior aumento do HIV entre os jovens, não contabilizavam muito as estatísticas na década de 90. Agora, o controle de casos é muito maior em todo País”, explicou a infectologista.

Longevidade
A facilidade em se obter o diagnóstico em Campinas foi um fator importante no aumento das chances de tratamento precoce da doença e, consequentemente, da longevidade dos indivíduos com aids, disse o infectologista do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Francisco Aoki. “O diagnóstico cedo facilita em tudo. A pessoa é encaminhada para um especialista, monitorada, tratada e medicada, quando há a necessidade. Isso sem dificuldade, pelo SUS. Basta as pessoas procurarem”, afirmou.

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